domingo, 4 de agosto de 2013

A partida.



Quando estava na estação esperando o trem me veio tantas coisas na cabeça, minha mente que antes calma agora girava como se fosse uma maquina de um brinquedinho de corda.
Começou a crescer em mim uma angustia, na expectativa da chegada do trem, me deu vontade de voltar pra casa e me acomodar em minhas cobertas quentes enquanto a neve caia la fora, ficar tomando uma taça de vinho ou coutreal em frente a lareira ate que as ideias fossem melhores esclarecidas dentro de mim.
Senti vontade de voltar la, ligar a vitrola e fumar um cigarro forte ate que você voltasse e me pedisse pra ficar, não sei de certo o que faria, na verdade nem sei se faria algo ou deixaria apenas você ficar de certo.
Ao me deparar com a realidade reparei que ainda estava ali esperando aquele trem que nunca vinha, pensei então que se por acaso fosse o fim de uma guerra como aquele lugar estaria feliz, as mulheres esperando seus maridos e filhos embora não soubesse se tais voltariam com vida, embora não soubesse se iriam voltar,se assim fosse iria ter música por todo lado, pessoas felizes, as maquinas de fotografias cuspindo fumaça no ar, e teriam flores perfumadas misturadas com o perfume das senhoras esperançosas. 
Mas uma vez volto e percebo não, não é assim.
Me deu vontade de correr pelos trilhos, mas isso não cheguei a fazer.
Comecei a andar de um lado para o outro na estação vazia, e por fim ouço ao longe o barulho gigantesco dos ferros e rodas do trem nos trilhos, já ouço também o apito mesmo que ao longe.
Tudo que vivemos ali se passa como um filme em minha mente, um curta metragem talvez, que logo acabou.
O trem pára, então vejo pessoas saindo e outras felizes vindo ao encontro delas, muitos abraços, poucas eram as pessoas que surgiram de repente na estação,mas os abraços a esses sim eram muitos.
Quando já estou prestes a subir no trem vejo alguém descendo, parecia com ela, ou melhor ao olhar bem era ela.
Ele me olhou por algum tempo, nossos olhares conversaram o que havia sido deixado pra depois, mas eu simplesmente não tive coragem de desistir, subi no trem e fui embora, depois disso nada, nem sequer uma carta, nem nada, aquela teria sido a nossa última conversa, tudo que me restou depois foi as lembranças do antigo sobradinho e as noites de música, vinho e palavras que se misturavam com a fumaça do cigarro barato da esquina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário