A roupa velha

Quando eu era criança minha mãe sempre falava pra mim andar devagar na bicicleta, eu sempre corria mais do que devia e acabava arrebentando os joelhos e cotovelos, chorava muito, mas depois passava e eu logo voltava a fazer a mesma coisa,as vezes voltava a abraçar o chão antes mesmo que as velhas feridas cicatrizasem,era tudo a mesma velha historia denovo, sempre que levantava voltava a cair! Eu lembro, minha mãe sempre me avisava...

Eu cresci e as coisas continuaram assim, eu continue a andar de bicicleta rapido demais, continuei a cair, me levantar e cair mais uma vez, quer saber eu não ligo, adoro cair 6 vezes pra ter o prazer de me levantar 7!

Quando adulta em meus relacionamentos não foi diferente, a diferença foi que deixei de ter o desgosto de cair e passei a ter o privilegio de poder me jogar. A parte da bicicleta foi muito boa, pois adquiri um equilibrio razoavel, e hoje nem dói mais.

"A ex é como aquela nossa roupa velha preferida que apesar de ser a melhor(as vezes) não nos serve mais."

Esperança - Mario Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Nas pedras velhas

Eu prefiro pisar em espinhos e ser coroada com uma coroa de frade a ter que ser obrigada a te jogar do alto do castelo no rio de crocodilos, sabe porque ? Porque eu não preciso de vingança, pois a dor de me perder vai sempre ser a maior vingança, vai ser sua maior dor, e vai quebrar seu orgulho pra sempre, pois você nunca mais vai me ter, eu nunca mais terei a ti, e então estaremos separadas pra sempre... Nunca mais o castelo vai ser habitado, e ninguem nunca mais irá voar por aqueles céus no balão colorido, e quando chover o rio irá molhar a carnaubeira, e a cera vai ser tão abundante quanto as velhas pinturas nas pedras velhas !